Enquanto Isso No Parque da Bela Vista...

Madonna, sendo muito pequena é a maior! Tendo dito isto, e assumindo aqui a minha total e incondicional condição de fã, preciso de acrescentar que esta Sticky & Sweet Tour não é a melhor das suas digressões. E não tem nada a ver com a idade ou com a genica ou com o alinhamento do concerto. Tem sobretudo a ver com as opções estéticas. Mas como dizia Jack, o Estripador, vamos por partes:Um concerto de Madonna não é um concerto. É um espectáculo musical que nos transporta numa viagem frenética pelo catálogo da maior artista feminina a solo de todos os tempos (vejam a recente lista publicada pela Billboard). Assim que começa, lança-nos numa correria que só acaba duas horas depois e nos deixa de língua de fora a pensar que devíamos ter treinado mais para aquela odisseia. Quem vai para lá à espera de uma coisa terrivelmente interactiva e normalizada, vai ao engano. Como um musical, tem um guião, um alinhamento e um ritmo que não é deixado ao critério da assistência. Desta vez, no entanto, a Artista até foi mais faladora do que no concerto de Lisboa há precisamente quatro anos.
Mas um concerto de Madonna é como o Pastel de Belém. Tem que se comer para apreciar. E um só não chega. Eu, consegui um lugarzinho bastante razoável, naquilo que os fanáticos a sério chamavam de Golden Circle. Ali mesmo à frente do palco (não tão à frente como na outra vez, em que quase apanhei com um gafanhoto da Artista no olho esquerdo). Mas consegui ver bem e não fosse a terrível falta de jeito para tirar fotos, publicaria aqui algumas da minha autoria.

Agora o que chateia mesmo é que, de repente, todos nos tornámos japoneses! A maior parte das pessoas vai aos concertos não para os ver, mas para tirar fotos e filmar. Eu tinha mais ecrãs à frente do que a secção de TV e vídeo da FNAC! Oh, por amor de Deus e que tal ver o concerto? Bater palminhas? Cantar em uníssono? Faz-me lembrar aquela velha história referida por Warren Beatty no documentário «Truth Or Dare» em que Madonna é filmada a fazer um exame à garganta. Questionada sobre se deviam mandar desligar a câmara, ele diz: «Para quê desligar a câmara? Ela não vive fora da câmara.» Assim eram os espectadores ontem. Queriam que Madonna vivesse para sempre dentro dos seus 8 Mega Pixels.

Em suma, eu gostei. Mesmo que o som não estivesse perfeito. Mesmo que Madonna ficasse rouca após o «Ray Of Light». Mesmo que o Tó Cabeçudo tivesse ficado à minha frente. Mesmo que ouvisse alguém comentar que um dos modelos usados por Madonna era da colecção do ano passado da Mango (!?)... Mesmo que eu tivesse gritado a plenos pulmões «Givenchy, sua mula»! Mesmo que as botas vertiginosamente altas de Madonna fossem Miu Miu. Mesmo com a Robyn na primeira parte. Mesmo com o miserável sistema de transportes que demorou décadas a tirar as 75 mil pessoas do Parque. Mesmo com isso tudo. Madonna é Madonna e este post está enorme.