Dia das Mentiras

De todos os dias parvos que se podiam comemorar, o Dia das Mentiras talvez seja o mais parvo de todos.

Neste dia, um pouco por todo o mundo, algumas pessoas mais parvas fazem trinta-por-uma-linha para pregarem petas uns aos outros. Há mesmo muitos locais de trabalho onde se dispensa mais tempo a pensar nas tretas do que propriamente no trabalho.

As origens deste costume remontam à Grécia Antiga quando, no que se pensava ser o início da Primavera, o jovem Xeróclides, anunciou que iria casar-se com Pineclondes, outro jovem. Reza a lenda que todos se terão desmanchado a rir pensando que os dois estavam a pregar uma partida. Parece que não, Xeróclides e Pineclondes acabaram mesmo por casar e a vítima da partida terá sido Dinemocíades, noiva de Xeróclides.

Anos mais tarde, durante as invasões Normandas, um grupo de três bretões conseguiu derrotar os exércitos invasores fazendo circular a treta que teriam super-poderes. Os normados acreditaram e foram-se embora.

Foram os holandeses, durante o Renascimento, que definitivamente fixaram a data de 1 de Abril como o Dia das Mentiras. Nos registos do tratado - conhecido nos Países Baixos como «Deer Dien die Toutten Zes Peten», há também nota de terem sido fumadas substâncias que deixaram todos os signatários muito bem dispostos (e com alguma fome). Os franceses seguiram a tradição com «Le Jour Des Tangues» e finalmente os espanhóis também seguiram a moda.

O Dia das Mentiras chega a Portugal no final do Século XVII, quando Sebastião, O Maneta regressa de uma comissão de dois anos em Toujours-Lautréc. Adepto de todas as coisas francofonas, convenceu a Rainha D. Leocádia a adoptar este bem disposto dia (que lhe deu bastante jeito quando foi apanhada nos braços de Vernáculo, o rapaz da estrebaria). O Rei não sabia que já estavamos em Outubro.

Nos dias que correm, este Dia das Mentiras está perfeitamente difundido por toda a sociedade e é frequentemente comemorado mesmo fora da data. Ou quê? Não me digam que acreditam em tudo o que ouvem!